1 de mai. de 2013

ACAMPAMENTO DA TROPA SÊNIOR

Nos dias 27 e 28 de abril a Tropa Sênior Peapuã realizou um acampamento na Floresta Nacional de Ipanema, que fica na Serra de Araçoiaba, em Iperó - SP.

Foram dois dias de puro desafio e aprendizado, inclusive, de História do Brasil.


A Floresta Nacional (Flona) de Ipanema é uma Unidade de Conservação de uso sustentável administrada pelo ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. De acordo com o site do próprio ICMBIO, "a Flona também guarda testemunhos da história, com sítios arqueológicos anteoriores à chegada dos colonizadores, que estão protegidos pela mata densa do Morro Araçoiaba, um fenômeno geológico, de formação vulcânica, com grande diversidade mineral, sendo a magnetita o minério predominante e utilizado para a fabricação de ferro na Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema, criada por D. João VI em 1810, mas, conhecida desde o século XVI, quando a expedição de Afonso Sardinha e seu filho resultou na construção de duas forjas, em 1589, reconhecidas pela Associação Mundial de Produtores de Aço como a primeira tentativa de fabricação de ferro em solo americano".


Nesse cenário, onde se respira História, Energia e Natureza, nossos jovens seniores e guias vivenciaram grandes desafios e superaram limites.

Tudo começou no sábado, 27. Chegamos em Ipanema, montamos as barracas e almoçamos na Casa do Tropeiro, onde fomos muito bem recebidos pelo Edson e pela Valéria.


Após o almoço, foi pura adrenalina. Fomos recebidos, no Centro de Visitantes, pelo guia Rafael, que nos acompanhou e ajudou os jovens a encarar desafios, superar limites e conquistar objetivos.


 


Todos equipados e prontos para começarmos o Arvorismo!

Primeiro passo: vencer o medo de altura

 

 

Ufa! Mais um obstáculo vencido!

 

 

Atenção e equilíbrio

 

 

 

Esse foi um dos obstáculos mais difíceis.

 

 

 

 

Quem vê os gracejos e as brincadeiras não imagina o tamanho do medo!
Agora, o último obstáculo (se é que pode ser chamado assim)! 


 

No chão, a alegria e a satisfação de ter conseguido superar dificuldades, medo, frio na barriga, essas coisas...


 

 




Havíamos programado para à noite conhecer o Centro Histórico. Porém, como havia outro grupo de visitantes para percorrer a Trilha da Pedra Santa e um só guia, mudamos os planos. Nova oportunidade de superar dificuldades e medos.




Instruções antes da partida
  
Por toda a trilha paredões de rocha como este
eram companheiros constantes. Muita energia!
Primeira parada: essas rochas contém seixos rolados encrustados,
mostrando que a milhares de anos estavam submersas na água.
Nessa primeira parada ficamos sabendo que toda essa imensa massa de rocha que hoje forma a Serra de Araçoiaba foi, a milhares e milhares de anos, literalmente empurrada para cima por seis colunas gigantes de Magma. Esse Magma esfriou e trouxe consigo vários minérios. Parece, mesmo, um lugar mágico!



Os tons cinza-azulados das pedras são minérios como a hematita e outros
Segunda parada: a Pedra Santa. Tem esse nome porque conta a história que um franciscano nascido em Turim, na Itália, ali teria vivido entre 1844 e 1845, chamado Giovani Maria D'Agostini. Segundo consta ele dormia protegido por aquela imensa rocha, vivendo como eremita. Dizem que ele costumava entoar um mantra que podia ser ouvido desde a Fundição, cuja maioria dos funcionários, de origem europeia e protestante, não o viam com bons olhos, ao contrário dos caboclos, que o procuravam para ouvirem seus conselhos e palavras confortantes e levavam-lhe donativos para sua sobrevivência. Contam que numa ocasião, uma mulher com uma criança, na parte de cima da pedra conversava com o frei franciscano, quando a criança caiu de lá. Ao chegarem, ao contrário do que imaginavam, a criança estava brincando sobre a pedra onde o eremita dormia. A partir daí, ele foi considerado milagroso. Após algum tempo ele teria desaparecido misteriosamente, deixando apenas algumas manchas de sangue. Até hoje ninguém sabe se foi morto por alguém ou se por algum animal selvagem. Porém nenhum vestígio foi encontrado.


 





Acredita-se que esta cruz tenha sido construída pelo próprio eremita porque
seus pregos foram fabricados na Real Fábrica de Ipanema.

Mas, a subida continua...


 

No caminho tinha uma pedra, e na pedra tinha uma aranha!

Próxima parada: no alto da Pedra Santa. Continuando a trilha, chegamos na parte de cima da Pedra Santa, que se torna um mirante, de onde se vê lá longe as luzes da cidade. Até ali já tínhamos percorrido mais de três quilômetros morro acima por uma trilha estreita, bastante acidentada e com alguns trechos bem difíceis. A luz da lua iluminava aquele enorme bloco de pedra de arenito onde todos nos sentamos e aprendemos mais um pouco de história daquele lugar maravilhoso.




Ali, no alto, foi instalada uma das três cruzes de ferro fabricadas em 1818 para comemorar a primeira corrida do ferro dos Altos Fornos Geminados. Uma foi colocada na entrada da Real Fábrica de Ferro de Ipanema, outra na Pedra Santa e a terceira próximo à entrada da cidade, devido à suas coordenadas geográficas, relacionadas às pirâmides de Queops, Quefren e Mikerinos, no Egito. Cada uma das três cruzes representava o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Rafael, o nosso guia, nos contou sobre essa história das três cruzes, sobre a participação da Maçonaria, através de José Bonifácio e do ferro que era produzido na época, de baixa qualidade. Mesmo assim, todas as armas utilizadas pelos brasileiros na Guerra do Paraguai foram produzidas na Real Fábrica de Ferro de Ipanema. É mole?


 


Mas, a trilha ainda não tinha chegado ao fim. Tínhamos ainda mais um trecho para subir até chegarmos ao topo. E lá fomos nós! Até que, finalmente, conseguimos chegar ao Monumento a Francisco Adolfo de Varnhagen, o Visconde de Porto Seguro, que foi construído para que ali fossem depositados seus restos mortais. Porém, isso até hoje não aconteceu. Seus restos mortais se encontram no Museu a Varnhagen, em Sorocaba.



Filho do engenheiro que foi contratado pela Coroa para construir os Altos Fornos da Real Fábrica de Ferro de Ipanema, Varnhagen, que nasceu em São João de Ipanema, recebeu também o título de Visconde de Porto Seguro e de "Pai da História do Brasil".


 

Embora a noite não nos deixasse ver completamente a exuberância da paisagem, sentíamos todos uma sensação muito boa. Por termos conseguido chegar ao término da trilha, superando inúmeras dificuldades e até perigos (inerentes ao local), por estarmos ali, no alto do Morro Araçoiaba, avistando (embora com baixa luminosidade) uma área imensa de mata, morros, rochas, uma verdadeira Maravilha! Pela aula de história que estávamos tendo, possibilitando-nos perceber um pouco mais sobre a grandeza, sobre a importância histórica e econômica de Ipanema. Foi muito bom!!!!

Depois, voltamos, pela estrada, ao Centro de Visitantes, terminando essa primeira etapa. Já eram 02h00, todos estavam cansados, mas felizes. Foi uma experiência ímpar.

No dia seguinte, mais uma trilha, também em companhia de outro grupo de visitantes. Chegamos ao Centro de Visitantes às 10h00.


 


Mas, antes de partirmos, conforme o protocolo da Administração da Flona, assistimos a um vídeo institucional sobre as Unidades de Conservação em todo o território Nacional.




Fomos de carro até o início da trilha, mas, antes, fizemos outra visita ao Monumento a Varnhagem. Desta vez, com dia claro, ai sim, pudemos perceber toda a exuberância daquele lugar. MAARAAAAVILHOOOOSOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


 


Monumento a Varnhagen no alto do Morro Araçoiaba
Vejam só a vista de lá de cima!



 

 


É de tirar o fôlego! Daqui, sentado em degraus esculpidos à mão por escravos, é possível ver, bem ao longe, Iperó, Araçoiaba, Boituva e Sorocaba. Ipanema também abriga as instalações de ARAMAR, órgão da Marinha do Brasil, onde, como pouquíssimos países do mundo, faz o enriquecimento do urânio  e com tecnologia brasileira. Aliás, ARAMAR tem esse nome em homenagem ao Morro de Araçoiaba (ARAçoiaba + MARinha).


Olha a galera toda reunida!

 



 

Aqui Rafael nos falou sobre a questão da exploração econômica de Ipanema. A classificação   FLONA (Floresta Nacional) permite a exploração sustentável. E, por conta disso, a Presidenta Dilma Russef, desde quando era Ministra das Minas e Energia, intencionava explorar economicamente o Fosfato abundante em Ipanema. Porém, para tal exploração, toda aquela imensa formação rochosa chamada Morro Araçoiaba, onde estávamos, precisaria ser dinamitado, deixaria de existir. Toda aquela exuberante mata, os paredões de rocha vulcânica, provenientes do magma, toda aquela área maravilhosa, envolta numa energia vibrante, seria, literalmente, explodida. e como mudar isso? Mudando-se a classificação para Parque Nacional, pois, com tal classificação, Nada pode ser alterado, não se pode mexer em nada. Mas, a instituição, a própria FLONA, não pode fazer nada. Somente com mobilização popular  é possível a mudança. daí a importância da conscientização das pessoas em elação a esse problema. 



Depois, iniciamos, na verdade, duas trilhas, a Afonso Sardinha e uma nova, recém aberta, uma em continuação da outra. E lá fomos nós, mata adentro!


 

 

Quem imaginaria que iríamos encontrar no meio da mata um forno de produção de cal. Pois é... encravado num enorme barranco, se erguia um forno do século XIX, utilizado para produção de cal. Ai a gente ficou sabendo que aquela mata toda daquele trecho, havia sido, na época, desmatada, afinal, era uma área de produção. E no entanto, a natureza ao longo dos séculos, já a havia recuperado!




 

 


No caminho encontramos uma majestosa Figueira Branca. Grande e imponente!






 





 


Mais à frente, mais uma Figueira Branca. Esta estava doente. Mas, num processo natural essa árvore irá morrer. E ninguém interfere nesse processo. Quando ela morrer e cair irá propiciar inúmeros outros processos que ocorrem na floresta, como a elevação de sementes que estão mais profundamente enterradas, propiciando o surgimento de outras plantas e árvores, a decomposição da árvore morta, etc.





 

As duas próximas fotos são de um verdadeiro sítio arqueológico! Embora difíceis de ver porque estão cobertas pela mata, são restos de uma construção de pedras das primeiras construções do povoado de Itavuvu, origem de Sorocaba.




Nesse lugar Rafael foi questionado sobre os motivos de Ipanema não ser muito divulgada. E, infelizmente, isso é necessário até para preservar toda essa maravilha, pois, com muita divulgação, muitas pessoas, inclusive aquelas que não tem o menor respeito pelo meio ambiente, passarão a frequentar o local, acabando por degradá-lo. Por isso o foco principal dessas visitações são escolas e professores para semearem nas crianças e jovens o respeito pelo meio ambiente e pelo Planeta.




 



Na última parte da trilha, recebemos a visita inesperada de uma cascavel. Linda, mas, perigosa. Graças à tranquilidade da Flávia, nada aconteceu, pois, ela estava escondida no mato e acabou sendo pisada por Rafael. Mas, felizmente, houve tempo hábil para que todos se afastassem e deixassem ela ir embora.





Depois de tantas aventuras, nossa trilha chegou ao fim. De volta ao Centro de Visitantes, reunimos a turma para as últimas fotos e despedidas.




Esta foi um acampamento bastante especial. Nossos seniores e guias tiveram a oportunidade de encarar desafios, superar limites, vencer o medo, ou, melhor dizendo, de aprender que, mesmo sentindo medo, a gente pode vencer os obstáculos e chegar aonde a gente quiser.

Foi muito interessante a oportunidade de percorrermos as trilhas juntamente com grupos de visitantes bastante heterogêneos, um formado por jovens, e outro, por pessoas mais maduras e com objetivos mais bem definidos. Interessante, principalmente porque foi possível perceber que as mesmas dificuldades que estavam presentes no nosso grupo de jovens Cisnes, também estavam nos demais grupos. Na trilha noturna, da mesma forma que vimos medo, cansaço, dificuldade em transpor alguns obstáculos naturais, alguns com facilidade e outros com dificuldade, também vimos tudo isso em diversas pessoas  que caminharam conosco, mostrando que, no fundo, todos são, realmente, iguais.

No fundo: Diogo, Arthur, Edson e Flávia. No meio: Ch Armando, Lauro, Rafael, nosso incansável guia
 e Aryel. Na frente, agachados: nossos companheiros de trilha, Eduardo e Odete, e a Ch Andréia.

Gostaríamos muito de agradecer ao Sr Alexandre Cordeiro, Chefe da Floresta Nacional de Ipanema, ao Sr Marcelo Afonso, Chefe do Centro de Visitantes, a todos que compartilharam conosco esses momentos maravilhosos, e, principalmente, ao nosso guia Rafael Charuri, que esteve conosco durante esses dois dias sem medir esforços para que nossos jovens tivessem um acampamento inesquecível! A todos vocês o nosso


GRATO! GRATO! GRATÍSSÍMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!